Maria do Céu Aguiar da Mota (Conservatório de Música da Jobra - Portugal)
Palestra
Auditório da Escola de Música da UFBA - 8:15 horas
RAUL LINO NO BRASIL EM 1935 -UM ARQUITETO MUSICAL
Os azulejos são uma
marca da arquitectura tradicional portuguesa, mas também da brasileira
(vejam-se os exemplos de alguns edifícios coloniais em São Luis,
Maranhão, e Belém do Pará).
O arquitecto Raul Lino,
que liderou a campanha da Casa Portuguesa na primeira metade do séc.
XX, utilizou também os azulejos como elemento decorativo dos seus
projectos (ex. Casa Monsalvat para o pianista
Alexandre Rey Colaço).
Este arquitecto deixou uma
obra teórica notável, onde escreveu sobre o que entendia por
arquitectura portuguesa ao mesmo tempo que se referia à Música, a
sua «segunda natureza», a sua paixão. Admirava a arte
dos sons pelas suas qualidades e defendeu as relações que se
estabeleceram entre a arquitectura e a música, inspirado em Santo
Agostinho e Goethe ("a arquitectura é Música congelada").
Os seus compositores
preferidos foram Bach, Mozart e Beethoven (projectou a sala
Beethoven-que não se concretizou pela crise gerada pela I guerra
mundial). Esta era música séria, segundo ele.
Podemos comparar a Casa Portuguesa com a música clássica no
sentido em que estas procuram inovar sem entrar em rutura com o
passado. E foi isto que Raul Lino comunicou no Rio de Janeiro em 1935
(na Escola
Nacional de Belas Artes e na Academia Brasileira de Letras).
É por esta razões que Raul
Lino se «desencontrou» com o arquitecto brasileiro Lúcio Costa; nunca
aceitou a arquitectura de Le Corbusier e de Oscar Niemeyer, autores da
sede da ONU; como não compreendeu a música
de Xenakis, John Cage e Varése, "barulho vindo dos lados da cozinha".
Nenhum comentário:
Postar um comentário